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Quem está no comando?

O filme Divertida Mente cujo título em inglês é “Inside Out” (que seria “o lado de dentro está pelo lado de fora” ou “do avesso”, ou ainda “visto por dentro”) animação vencedora do Oscar que se passa dentro da cabeça de uma criança diz muito sobre a forma como lidamos com os sentimentos.


Sem dar spoiler mas contextualizando o sucesso de público e crítica da Disney e da Pixar, conta a história de Rilley, uma garota de 11 anos que enfrenta uma série de mudanças em sua vida. A principal delas? Sair de sua cidade natal, no estado de Minnesota (EUA), para morar na longínqua cidade de São Francisco. O enredo se desenrola dentro da cabeça da menina, onde cinco emoções — Alegria, Tristeza, Medo, Raiva e Nojo — são responsáveis por processar as informações e armazenar as memórias.


O diretor americano Pete Docter, procurou ajuda de psicólogos e neurologistas na preparação do roteiro. Como psicóloga, psicanalista e uma eterna curiosa sobre nós humanos vi retratado na sala de cinema inúmeros conceitos que estudei e tenho em conta sempre que trabalho com pessoas. Esses conceitos podem dizer muito sobre como você enxerga o mundo e lida com as coisas ao seu redor:


O “colorido” emocional fixa as memórias


O filme nos mostra que os cinco sentimentos ficam metaforicamente dentro de uma sala, onde acompanham tudo o que acontece com Rilley. Os principais eventos do dia são guardados em esferas ou seja, a representação nossas memórias. Cada uma delas tem uma cor e está relacionada com o sentimento mais forte daquele momento. Pode ser alegria, tristeza, raiva. Já se sabe que as lembranças são fixadas no cérebro junto com um estado de humor e todas as recordações que temos, sejam elas boas ou ruins, trazem consigo sentimentos.


Existe sentimento melhor ou pior?


Apesar de preferirmos os momentos alegres de nossa vida, cada emoção tem a sua importância sendo necessário saber usá-las da melhor forma possível diante do que nos acontece. Precisamos ter alegria e dar passagem para a tristeza em determinadas ocasiões. O problema ocorre quando os sentimentos ultrapassam os limites do saudável.


A tristeza é necessária


A personagem Alegria tenta, a todo o momento, sufocar e ignorar a personagem Tristeza. A animação faz uma crítica ao mundo atual, em que precisamos estar felizes o tempo todo, a qualquer custo. Há ocasiões em que um pouco de descontentamento é essencial para encarar e lidar com as dificuldades que surgem na vida.


O nojo nos faz sobreviver — assim como o medo


Esses dois sentimentos nos livram de grandes enrascadas. O medo impede que entremos na jaula do leão durante uma visita ao zoológico. O nojo, por sua vez, não deixa a gente comer um lanche apodrecido. O segredo está em equilibrar as emoções e não permitir, por exemplo, que o temor nos impeça de sair de casa.


Excesso de alegria é ruim


O exagero na felicidade faz o indivíduo perder a noção das coisas: é como se tudo fosse mais florido do que a realidade. Em Divertida Mente, a personagem Alegria não cansa de ver as coisas com extremo otimismo — mesmo quando a situação exige um pouco de medo, tristeza, nojo ou raiva.


A raiva impede injustiças


Ninguém está falando que gritar e quebrar tudo são soluções para os problemas. Porém esse sentimento tem o potencial de indignar e corrigir eventuais injustiças. O segredo, mais uma vez, está no equilíbrio. A raiva estimula o sujeito se defender. Mas se ultrapassa os limites, ela se tornar destrutiva do próprio sujeito.


Esquecer pode ser bom pois há memórias que acabam apagadas


É natural que certas recordações sejam esquecidas com o passar dos anos. No filme, esferas que não são utilizadas vão parar num lixão e viram poeira com o tempo. É o que acontece com muitas informações processadas ao longo de um dia e de toda a nossa vida, provavelmente esqueceu o que comeu no último dia de janeiro. Esse dom do esquecimento também é útil para lidar com situações traumáticas e difíceis: o cérebro vai, aos poucos, apagando os detalhes do fato ruim como uma estratégia de lidar com a situação.


A memória influencia seu comportamento


Outras recordações, porém, são muito importantes e determinam boa parte de nossa personalidade pelo resto da vida. No filme elas são as memórias base, as esferas em que estão guardados os momentos especiais da vida de Rilley, os que de fato são estruturantes — a brincadeira com os pais, o jogo de hockey com as amiga. No cérebro, as lembranças são processadas numa região chamada hipocampo, que converte memórias de curto em longo prazo.


Somos um verdadeiro arquivo de memórias


Na animação, quando Alegria e Tristeza saem do escritório central das emoções, elas tem a oportunidade de visitar a região onde as esferas estão estocadas em prateleiras. Na nossa massa cinzenta, as recordações estariam organizadas de uma forma parecida: ficam próximas umas das outra por associação. Quer ver um exemplo? Quando queremos lembrar o nome de uma flor específica, pensamos que ela é, .... avermelhada, ...tem muitas pétalas e... seu cabo é cheio de espinhos. Pronto, é provável que seja uma rosa. Nossas memórias são armazenadas como um arquivo, por semelhança.


O importante mesmo é saber que as emoções são mensageiras de nossos estados internos e estes estados contém nossas memórias, que podem ser evocadas por odores, ruídos, sensações físicas, estímulos visuais, e muito mais e tudo que chega a nós, que fica em nós, por nós pode ser (re)significado.


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STELLA BITTENCOURT

 

LIFE STRATEGIST

 

ADVISORY | MENTORING | LEARNING

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