Festejando meu aniversário!

Pode até ser um pensamento improdutivo, mas mesmo assim estou atenta à passagem do tempo diante do acúmulo de números que minha idade vem ganhando. Onde foram parar meus 16 anos, 21, 39, 45, 57? Ora, onde eles podem estar? Todos ainda dentro de mim. Ao assoprar as velas, a sensação é de que o passado também se apaga e um presente totalmente novo é inaugurado. Sendo virgem da nova idade, é como se eu estivesse nascendo neste dia com pequenas rugas e manchas surgidas subitamente. Como se estivesse vindo ao mundo na manhã do festejado dia com o corpo, as dores e os limites de um adulto recém-nascido e com uma expectativa de vida mais curta, sem registro algum do tempo transcorrido até ali e aquele tempo que sumiu? Sumiu nada! Vou ter 16 anos para sempre. Meus 21. Meus 39 e todos os outros números que contabilizo a cada aniversário: tenho oito anos, tenho 24, tenho 47. Só ainda não tenho o que virá, pois os anos que vivi ainda estão sendo vividos são eles que, somados, me transformaram no que sou hoje. Minha idade atual não é uma estreia, não nasci com todos esses anos que minha carteira de identidade diz que eu tenho. Só o dia do meu nascimento foi uma estreia. Desde então, nunca mais sai de cena. Ainda estão em curso meus primeiros minutos de vida. Ainda sinto as dúvidas diante das escolhas, o afeto por pessoas que foram importantes, a adrenalina dos riscos corridos. Nada disso evaporou. O ontem segue agindo sobre mim, segue interferindo na minha trajetória. É a mesma viagem, a mesma navegação. O meio de transporte é meu corpo, e ele ainda não atracou. São várias idades contidas numa frequência cardíaca ininterrupta.
Cheguei a uma idade gloriosa, a idade de entender que não existem perdas, só ganhos. Não existe envelhecimento, e sim desenvolvimento constante. O tempo não passa, ele está sempre conosco. O novo não ficou para trás, ao contrário, o novo está adiante: na vida que ainda está por vir.
Grata a Você que me desejou mais um Feliz Aniversário. ;-)