Mitos que sustentam a escassez

1º) NÃO HÁ SUFICIENTE!
Não temos tempo, amor, sexo, dias de semana, finais de semana, horas do dia, férias, ..., suficientes! Acordamos dizendo que não dormimos o suficiente, corremos o dia todo e quando chega à noite, exaustos, ainda dizemos que não fizemos o suficiente. Preenchemos o nosso dia falando das coisas que a gente não tem suficiente e esta é uma forma muito insatisfatória de viver a vida. Nadamos no “não tenho suficiente” que, na maioria das vezes, está ligado ao dinheiro, ao tempo e essa lente se espalha por vários aspectos da vida.
Aprendemos isso cedo pois na construção da frase “não há suficiente” tem uma 2ª parte, que é: “Não há suficiente para todo mundo e alguém, em algum lugar, será sempre deixado de fora. É lamentável, mas é assim que a vida é!” Então se penso que não há suficiente e que alguém em algum lugar vai ficar de fora, então se justifica acumular muito mais do que eu preciso para assegurar que eu e os meus não fiquem de fora, ou justifica se distanciar ao máximo possível desse que fica de fora. Então penso que, quando eu tiver mais que o suficiente, bem mais que o suficiente, vou ajudar estas pessoas desafortunadas e assim justifico um mundo de constante acumulação.
A mentalidade do “não há suficiente”, “nós não temos suficiente”, “eu não tenho suficiente”, entra na nossa alma e começamos a achar que não é suficiente e isso tem um efeito devastador. Com isso, nos sentimos vazi@s por dentro, gerando inúmeras doenças e vícios do mundo atual, como obesidade, elevado consumo de drogas e álcool, depressão, etc.
2º) MAIS É MELHOR!
Mais de tudo, ... mais de qualquer coisa é melhor! Uma casa com mais espaço, um carro maior, mais sexo, mais empresas, mais sapatos, mais blusas, mais tudo, uma busca indiscriminada por mais e assim acumulamos mais daquilo que não precisamos.
É viver um círculo vicioso em que a cultura do consumo nos diz constantemente que não somos bonito suficiente, alto suficiente, magro suficiente, e que a não ter o suficiente disso ou aquilo nos faz adquirir mais para nos sentirmos ok... então a mensagem de que mais é melhor está em todos os lugares. Até mesmo os mais conscientes de nós evitam pensar que mais é melhor, mas está sob o efeito do sistema quando se sente envergonhado de querer mais.
3º) AS COISAS SÃO ASSIM MESMO!
Esta é a parte que nos fez desistir e nos render à essa cultura. Justifica nos entregarmos, nos desencorajarmos e assumirmos comportamentos que sabemos ser incoerentes com o que somos.
Tenho plena consciência que há muitos lugares no mundo onde não há suficiente dinheiro, alimento, água, etc., mas não estou falando destes lugares e destes contextos. Estou falando desta mentalidade, não examinada, que faz com que eu e você nos comportemos de uma forma completamente inconsistente com o que somos de verdade, porque nos comportamos com base em uma premissa equivocada de que não há suficiente, que temos que continuar acumulando, que mais é melhor e que é assim que as coisas são.
Estes mitos se tornam maiores que nós, de forma que desistimos ou nos entregamos. Precisamos é observar em que momentos estes mitos nos governam e começar a exercer o nosso poder sobre eles.
A verdade radical surpreendente sobre o dinheiro é a suficiência. Pode levar muitos anos, mas precisamos dar conta de que há suficiente para todos.
Esta suficiência não tem relação com quantidade, mas sim, como uma nova forma de ver e de ser.
Suficiência é diferente de abundância. A abundância é você ter mais e mais do que precisa, com medo de que não há suficiente. A suficiência é exata. Quando paramos de correr atrás daquilo que realmente não precisamos, liberamos energia para aquilo que já temos e fazemos a diferença com o que temos.
Estar na presença e na distinção do suficiente.