Comunicação Não Violenta, Empática: educando pela auto responsabilização.

Aprendendo com quem sabe.
Quando alguém mente, como você reage? Quando você era criança, adolescente, o que acontecia quando você mentia?
Preste atenção nessa história.
“Certa ocasião meu Pai pediu que dirigisse o carro da família e o levasse até a cidade. Morando na África do Sul em uma comunidade rural, eu estava animado com a oportunidade de explorar a cidade enquanto meu pai participava de um evento durante todo dia.
Quando deixei meu pai na conferência de manhã, ele pediu que o pegasse no mesmo lugar às 17h. Minha Mãe precisava que eu fizesse compras e mais algumas coisas. A lista de meu Pai para o dia incluía levar o carro a oficina para trocar o óleo.
Tinha ouvido falar sobre alguns filmes americanos e, apesar de achar que meus pais não aprovariam, torci para fazer tudo que precisava e ainda ter tempo de ir ao cinema.
Terminei as tarefas em tempo recorde e cheguei ao cinema pouco antes das 14h. Entrei, afundei na cadeira e fiquei fascinado com o filme de John Wayne na tela. Quando o filme acabou, as 15h 30min percebi que era uma sessão dupla. Outro filme ia começar. Rapidamente calculei que dava tempo de assistir a meia hora e ainda chegar a tempo para pegar meu Pai. Porém, fiquei tão envolvido que fiquei até as 17h 30min. Apesar de correr para a oficina e pegar o carro, cheguei às 18h para pegar meu Pai na conferencia.
Meu Pai estava aliviado ao me ver.
- Por que você atrasou tanto? – perguntou assim que entrou no carro.
Fiquei com tanta vergonha que não consegui contar a ele como eu tinha me divertido assistindo aos filmes violentos de faroeste. Minha vontade era de proteger minha imagem e assim abandonei o bom senso.
- O carro não estava pronto – respondi, inventando uma desculpa apressada.
Percebi a decepção no rosto do me Pai.
- Não foi o que o mecânico me disse quando liguei para a oficina. – falou refletindo. Então ele balançou a cabeça calmamente.
- Lamento que você tenha mentido para mim hoje. Falhei como Pai por não conseguir fazê-lo ter confiança e a coragem necessárias para me dizer a verdade. Como penitencia por minhas falhas, vou a pé para casa.
Ele abriu a porta do carro, saiu e começou a seguir na estrada a pé. Eu saí do carro atrás dele para pedir desculpas, mas ele continuou andando. Tentei convencê-lo a desistir de seu plano.
- Cometi um erro em algum ponto. Vou fazer esta caminhada para pensar em como eu poderia ter lhe ensinado melhor a importância da verdade.
Mortificado, voltei para o carro. Eu não podia acompanhá-lo na caminhada porque tinha que levar o carro para casa. Mas não iria deixá-lo sozinho na estrada escura. Então fui dirigindo atrás dele, me arrastando na velocidade da caminhada por quase seis horas, os faróis iluminando o caminho. A caminhada pode ter sido dura para ele, mas foi uma tortura para mim. Meu Pai estava sofrendo por causa da minha desonestidade. Em vez de me punir, assumira o fardo.”
Esse relato foi escrito por Arun Ghandi, o neto de Mahatma Ghandi em seu livro “A Virtude da Raiva” da Editora Sextante que transcrevi com minhas palavras.
Se o Pai de Arun simplesmente o tivesse punido, tenha a certeza de que ele teria se sentido humilhado, não culpado; e a humilhação teria levado a desobediência e a vingança – ou ao desejo de machucar outra pessoa.
Quando desenvolvemos a Inteligência Afetiva e nos apropriamos da Comunicação Não-Violenta, a Comunicação Empática educamos com afeto pois tudo que nos afeta tem afeto.
E você o que faz para proteger sua imagem e abandonar o bom senso?