A Teoria U e a transformação dos sistemas.

Tenho me dedicado nas ultimas três semanas ao estudo mais meticuloso da Teoria U. Ao concluir o modulo 1 do curso do u.lab:Leading From the Emerging Future na plataforma edX do Presencing Instituto do MIT escrevi esta resenha dos principais conceitos. Tomo a liberdade de usar o contexto do meio ambiente pois essa é a primeira desconexão apontada por Otto Scharmer.
A produção de alimentos como conhecemos hoje não é sustentável. Fatores? Muitos!
A dependência do petróleo como matriz energética ao longo da cadeia alimentar, desde a fertilização sintética, os agrotóxicos até o transporte e a refrigeração gera consequências nefastas para todos os sistemas vivos hospedados no planeta.
A contaminação do solo, da água e das pessoas traz enormes custos para a sociedade, e diferentes enfermidades crônicas, já sabemos, estão relacionadas à aplicação de agroquímicos em grandes quantidades.
O sistema agroindustrial é dinamizado pela produção animal, ocupando terras e consumindo água em dimensões incomensuráveis, enquanto um sétimo da população mundial ainda tem muitas dificuldades para se alimentar.
A ONU entre outras entidades orienta para uma limitação do consumo de carne, que é uma das causas centrais para mudanças climáticas, o desmatamento e a fome no mundo. Tudo isso sem levarmos em conta que a produção de alimentos está no sistema capitalista selvagem orientada a gerar lucro e não à alimentação das pessoas. Está na hora de revermos esse conceito sob a ótica do capitalismo consciente que resgata as origens desse sistema e propõe novas/antigas ideias.
Desnecessária a produção de mais relatórios internacionais que abordam a situação mundial do alimento. Sabemos que ela deve ser alterada.
As perguntas que não querem calar então são: Porque então não somos capazes de mudar esse sistema? Porque estamos juntos criando um mundo, que ninguém quer?
Essas são as perguntas que se fizeram cientistas do Massachusets Institute of Tecnology, liderado por Otto Scharmer, que pesquisam sobre métodos que podem ajudar a entender e mudar sistemas sócio-econômicos para co-criar colectivamente um outro mundo a partir de uma visão sistêmica e holística da realidade.
O iceberg da Teoria U
A clássica imagem do iceberg é central para o entendimento do desenho da Teoria U no qual estamos vendo somente a ponta dos sintomas que se apresenta na superfície e que por baixo da água estão estruturas, interesses, paradigmas e campos sociais.

No nível 1, o topo do icebreg, enxergamos as questões e os eventos (o que aparece, os comportamentos visíveis), que resultam de estruturas sistêmicas no nível 2 (que não aparecem) e dos interesses dos Estados-nação no nível 3 (os paradigmas do pensamento) que também são resultado das estruturas mais profundas dos campos sociais que é a estrutura de relações entre indivíduos, grupos, organizações e sistemas que dão origem a comportamentos e resultados coletivos. Nesta perspectiva dos campos sociais as pessoas atuam desde uma lógica social-emocional que opera através de:
preconceito (fechando a mente)
raiva, culpa (fechando o coração) e
medo (fechando a vontade)
No campo social chamado de “absencing” ou “ausência” das pessoas nas pessoas, falta de consciência de si mesma, reforça um ciclo de polarização e violência com a negação da realidade exterior, uma desconexão da realidade interior resultando em vários processos destrutivos. Assim se explica a divisão entre sociedade e natureza, a divisão social e a divisão espiritual, que torna a nossa essência humana menos presente para o mundo, para os outros, e para nós mesmos, como escreve Scharmer.
Essa é a história que explica as estruturas sistêmicas, o interesse egoístico e os diferentes campos sociais, que se expressam nos sintomas indesejáveis e autodestrutivos que vivemos.
Qual o seu nível de conexão tripla, você com você mesmo, você com o outro, você com o todo? Se ainda não parou para pensar nisso essa é a hora!